Sexo na Terceira Idade

SEXO NA TERCEIRA IDADE




SEXO NA TERCEIRA IDADE


Quando se fala em idoso, logo se pensa num ‘velhinho’ sem forças ou numa ‘velhinha’ sentada fazendo tricô. Essa representação entra em choque com a atualidade, pois essas são imagens que não correspondem ao real. A grande maioria da população idosa tem características do envelhecimento sem estar nesse estereótipo. Não muito antigamente, quando a expectativa de vida era menor e, entre tais pessoas, poucos eram os que mantinham uma boa saúde, o aspecto sexual era outro. Muitos se confortavam com a chance de suspender o sexo respaldado numa referência socialmente construída.

Todavia, pessoas idosas, relativamente saudáveis, que gostem de sexo, são capazes de aproveitá-lo. Hoje já se sabe que o interesse sexual é normal em todas as idades. Mas aquilo que no jovem é visto como sexualidade, no velho ainda há os que vêem como libertinagem. Pouco se falava sobre a sexualidade nessa época da vida. Pessoas de mais idade cresceram num ambiente de puritanismos ?vitorianos? e mal informados, sentiam-se culpados em relação a qualquer sensação de excitação sexual. Vindos de uma educação repressora, viveram imersos em conceitos hoje considerados retrógrados onde o sexo era pecaminoso, sujo e com objetivo da procriação.

A vivência da sexualidade na 3ª idade nada mais é do que a continuação de um processo que teve início na infância. São os sentimentos de cada um, aliados às alterações anatômicas e fisiológicas trazidas pela idade que modelam o comportamento sexual de tais pessoas.
E pelo fato da sexualidade ainda estar muito atrelada a reprodução ainda é difícil perceber a continuidade da sexualidade após determinada idade. Isso acontece mesmo depois do avanço da medicina que pode cuidar de algumas doenças capazes de prejudicar a sexualidade plena, como é o caso de artrites (em alguns casos, as medicações utilizadas em seu tratamento podem diminuir o desejo sexual.

É recomendado exercícios físicos, repouso e mudanças de posição durante o ato sexual), hérnia de disco, diabetes (uma das poucas doenças que podem ocasionar a disfunção erétil), doenças cardíacas (se o coração estiver debilitado, o ataque poderá ocorrer com qualquer esforço físico, não só com o sexo), derrame (pouco provável ser prescrito a interrupção sexual. Outros episódios não ocorrerão por tal esforço), anemia (causa comum de fadiga e da diminuição da atividade sexual) doença de Parkinson, Peyronie, incontinência de esforço e dores lombares.
Algumas questões emocionais podem dizer respeito a conflitos conjugais, aposentadoria, morte da pessoa amada além do próprio fato de envelhecer, sem saber o que se espera e como agir diante de tais mudanças.

Informação e aceitação são ingredientes fundamentais entre os parceiros. É preciso descobrir maneiras de utilizar as diversidades e transformações para solidificar a intimidade, aumentar o prazer e satisfação. Porém como se percebe grande dificuldade em se falar sobre a sexualidade é comum a evitação. Além disso, a ignorância referente as transformações anatomofisiológicas levam à evitação sexual. Muitos homens não percebem tais alterações, produtos do ritmo biológico, como normais da conduta sexual originárias da idade, levando a um quadro de ansiedade.

Masters e Johnson puderam demonstrar através dos seus trabalhos sobre anatomofisiologia da resposta sexual que o processo de envelhecimento ocasiona mudanças na atividade sexual dos idosos. Eles perceberam que com os anos, o corpo se transforma. As mulheres sentem tais mudanças na época da menopausa (que marca o final da possibilidade de reprodução e não o término da vida sexual), quando as mudanças fisiológicas atróficas acontecem na pele, na mucosa genital e mamas. A lubrificação vaginal se lentifica e a própria forma vaginal também pode se modificar, ficando mais estreita e curta, mesmo que normalmente continue com tamanho suficiente para que ocorra a penetração. O revestimento vaginal torna-se fino e facilmente irritável, o que pode acarretar rachaduras e sangramento. Acontece o enfraquecimento da musculatura perineal devido a um processo gradual de atrofia. Com as paredes mais finas, bexiga e uretra ficam menos protegidas podendo se irritar durante o ato. Por outro lado, após a menopausa, não existe o temor da gravidez e a mulher já não gasta tanto tempo pra cuidar dos filhos.

Com o homem a partir dos 40 anos a produção de espermatozóide diminui. Também há uma redução na produção da testosterona, porém de forma vagarosa e não muito acentuada. Ocorre também a diminuição da dopamina e um aumento da prolactina, o que reduz o desejo sexual. Há homens que manifestam crises com sintomas psicológicos como depressão e irritabilidade. A ereção torna-se menos rígida e mais lenta, havendo menor urgência de ejacular e um maior controle da mesma, o que pode ser um ponto positivo, pois ao prolongar o ato podem aumentar o prazer enquanto casal. Há uma diminuição do volume ejaculado e da força da ejaculação, uma queda da ereção mais rápida após a ejaculação, seguida pelo aumento do tempo do período refratário.
Apesar de todos os estudos realizados, até hoje informações erradas envolvem a sexualidade após a idade madura.

É preciso conhecer e se adaptar às mudanças fisiológicas que surgem com a idade. Cuidar do estado geral da saúde assim como da aparência: higiene descuidada e roupas de ficar em casa rasgadas são formas de perceber desatenção pelo parceiro.
Há quem afirme que a maioria dos problemas sexuais nessa idade tiveram início anteriormente, quando o casal estava imerso em preocupação com os filhos e ou trabalho. Tais atividades podem mascarar a falta de comunicação entre eles, voltando com toda a força nessa idade, quando sobra mais tempo para ficarem juntos.

Mas um aspecto positivo é que tendo uma agenda menos apertada, conquistada pela aposentadoria, pode-se perceber qual o momento predileto de se fazer amor, por exemplo, sem ser a noite, quando muitas vezes, um dos parceiros está sem vontade ou cansado.
Os médicos afirmam que o aparecimento de disfunções sexuais na terceira idade se dá muito mais devido a problemas de saúde do que a própria idade. Idosos e jovens passam pelos mesmos problemas e preocupações sexuais, a diferença é que os aspectos sociais, biológicos e psicológicos podem exigir maior atenção na 3ª idade. Mas nem a idade, nem a maioria das doenças implicam no fim do sexo.

Claro que uma doença ajuda, faz com que o corpo se confronte totalmente com a ameaça física, aumentando a ansiedade e diminuindo a atenção das sensações sexuais, mas tais mudanças não são inibidoras da atividade sexual. É sabido que a capacidade e desempenho são influenciados por enfermidades físicas e imperativos sociais, capazes de alterar o desejo masculino e feminino, mesmo que este possa se presentificar em toda a vida ainda que em menor intensidade e freqüência.

Fato é que a idade não dessexualiza o ser humano. Assim, não existe limites de idade para se conservar uma atividade sexual ainda que ocorram mudanças fisiológicas. A sexualidade é uma forma de expressar carinho e afeto, sentimentos que não tem idade. Os desejos podem se modificar, mas não terminam. E para tanto, basta que o corpo seja respeitado.

Referências Bibliográficas:

Butler, R & Lewis, M. (1985). Sexo e amor na terceira idade. (trad. Ibanez de Carvalho Filho) São Paulo: Summus.

Cavalcanti, R & Cavalcanti, M. (2006) Tratamento clínico das inadequações sexuais. São Paulo: Roca.

Masters, W. & Johnson, V. (1976). A conduta sexual humana. (trad. D. Costa) Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.