Doença do Peixe Cru – Difilobotríase

DOENÇA DO PEIXE CRU – difilobotríase







Definição

Difilobotríase é uma infecção causada por um parasita de peixes, também conhecido como tênia dos peixes. A infecção é semelhante a da tênia solium e tênia saginata, cuja contaminação ocorre através da ingestão de carnes de gado e porco mal cozidas. O hospedeiro definitivo é o homem, porém outros mamíferos, como cães e gatos, que comem peixe cru podem servir de hospedeiro.

Causa

O parasita dos peixes é um verme cientificamente chamado de Diphyllobothrium latum, e representa uma das espécies de helmintos (vermes) achatados (platelmintos) que adquirem o maior tamanho entre os helmintos. Os humanos tornam-se infectados quando ingerem peixe cru, ou mal cozido, contendo as larvas do verme.

Incidência e fatores de risco

A infecção é vista em muitas áreas do Leste Europeu, América do Norte e América do Sul, África e em alguns países da Ásia. No Brasil, a Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo registrou a ocorrência de 27 casos no município de São Paulo, entre março de 2004 e março de 2005, o que levou o Ministério da Saúde produzir um alerta em 7/4/2005, através de nota técnica, onde são destacadas as possibilidades de infecção.

Infecção

Após a pessoa, ou outro hospedeiro, ingerir peixes crus ou mal cozidos, infectados, a larva cresce no intestino do hospedeiro. O verme adulto, que é segmentado, pode atingir mais de 10 metros de comprimento com cerca de 3 000 segmentos. Os ovos são formados em cada segmento e são passados ainda imaturos para as fezes (até 1.000.000 de ovos por cada tênia). Ocasionalmente, alguns segmentos (que são chamados de proglotes) podem passar também às fezes. Os parasitas adultos maduros que se alojaram no intestino delgado atacam a sua mucosa.

Sintomas

A maioria dos indivíduos infectados não apresenta sintomas. As infecções muito intensas podem apresentar os seguintes:

 

desconforto abdominal
náusea, vômito e diarréia
perda de apetite e de peso
a infestação maciça pode produzir obstrução do intestino pelos vermes o que leva à dor abdominal
esta infecção pode levar à deficiência de vitamina B12 e, em conseqüência, à anemia perniciosa (megaloblástica); os indivíduos com deficiência de B12 e anemia podem apresentar fadiga e confusão.

Diagnóstico

É feito através do exame de fezes, onde os ovos podem ser visualizados por microscópio. Algumas vezes os segmentos (proglotes) passam para as fezes e podem ser visíveis à olho nu. O exame de sangue pode revelar anemia.

Tratamento

Se você suspeita que esteja infectado procure seu médico ou vá a um posto de saúde para prévio diagnóstico e posterior prescrição.

Não utilize nenhum tipo de medicação sem consultar um médico.

Prognóstico

Uma dose do tratamento é eficaz e erradica a infecção. Depois de erradicada, a doença não apresenta complicações tardias.

Complicações

Na vigência da infecção sem tratamento, pode ocorrer anemia e obstrução intestinal pelos vermes.

Mas lembre-se, a maior parte dos infectados são assintomáticos.

Prevenção

Evite comer peixes crus ou mal cozidos. Os consumidores de pescados crus, ou mal cozidos, são a população de risco para a difilobotríase. A existência de diversos restaurantes que oferecem nos seus cardápios pratos como sushi, sashimi, ceviche, e outros pescados crus, ou mal cozidos, nas suas preparações, possibilita o risco de contaminação ao consumidor se a matéria-prima estiver infestada.

Recomendações Institucionais

A Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde do Brasil recomenda que:
Se for constatada infestação de matéria prima, torna-se necessária a investigação da doença em todo o território nacional.

1. As unidades de saúde viabilizem a realização de exames parasitológicos de fezes, dos pacientes com queixa de diarréia intermitente, dor e/ou desconforto abdominal e com história de ingestão de peixes crus ou mal cozidos;

2. A vigilância epidemiológica realize a investigação dos casos confirmados laboratorialmente, visando a identificação da fonte de infecção; é especialmente importante o relato sobre consumo de peixes crus, identificado o(s) local(is) e data do consumo. Entretanto, deve ser considerado que, em algumas situações, em função do longo período da infestação pelo parasita, a exposição (consumo) pode ser difícil de ser estabelecida.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, considerando a necessidade de orientação aos serviços de alimentação e aos consumidores, recomenda que:

1. O consumo de pescados crus ou mal cozidos deve ser evitado;

2. Os pratos preparados ou que contenham peixe cru ou mal cozido deve ser precedido de congelamento do pescado em pelo menos -20ºC (menos vinte graus centígrados) por um período mínimo de 7 dias ou menos -35ºC (menos trinta e cinco graus centígrados) por um período de no mínimo 15 horas, condição suficiente para matar o transmissor.

3. Nos restaurantes onde são servidos pratos que contenham peixes crus ou mal cozidos, os proprietários devem garantir o mesmo procedimento de congelamento referido no item anterior antes de servi-lo ao consumidor.

O Ministério da Agricultura informa que:

1. Embora o salmão seja a espécie mais comum de transmissão do Diphyllobothrium spp., não é a única, sendo já detectado em trutas, em algumas espécies de anchovas, corvinas e outros peixes de água fria e que apesar da ocorrência de casos em diversos países do mundo, não há restrições ao comércio do peixe fresco;

2. O controle da parasitose é praticamente impossível, razão pela qual as ações preventivas em diversos países (União Européia, Estados Unidos da América, Japão e Noruega, entre outros) resumem-se a alterações nos hábitos de preparo para o consumo, como a obrigatoriedade do congelamento por determinado período, do peixe que será consumido cru ou mal cozido;

3. No pescado fresco, a inspeção é feita através da avaliação do aspecto visual,odor e consistência.