TRAUMATISMO GENITAL
Ferimentos Genitais Acidentais
O tipo mais comum de ferimento genital acidental é o traumatismo fechado causado pela queda contra um objeto duro, chamada de “queda a cavaleiro”, tal como a queda sobre o selim ou o quadro da bicicleta, sobre uma barra, sobre uma cerca ou borda de banheira.
Geralmente os grandes lábios protegem a vagina, a uretra e a região do hímen, mas devemos lembrar que a genitália externa das crianças é menos protegida da lesão do que a dos adultos.
Podem ocorrer escoriações, equimoses e hematomas atingindo os grandes lábios, monte púbico e nádegas.
As equimoses não surgem imediatamente após o traumatismo, por isso a paciente deve ser reexaminada depois de 24 horas para determinar se o tipo de lesão é compatível com a história.
O sangramento abaixo da pele perineal provoca um abaulamento tenso e doloroso.
A dor na vulva e o edema podem tornar difícil a visualização do hímen e da região vaginal.
Pode ocorrer retenção urinária devido à dor para urinar e pelo edema local, por isso sempre deve ser observada a micção espontânea antes de liberar a paciente, pois pode haver necessidade de sondagem uretral ou suprapúbica.
Deve ser realizado exame de urina para determinar a presença de sangue na urina e descartar lesões na uretra e na bexiga.
Tratamento
O tratamento é expectante com bolsa de gelo no local nas primeiras 24 horas. Um analgésico urinário pode ser necessário, mas se a dor for muito intensa ou persistente devemos descartar a presença de uma fratura pélvica.
Traumatismos nos Esportes
As lesões da genitália e órgãos reprodutores femininos durante a prática esportiva são raras mesmo naquelas mulheres que praticam atletismo e ginástica. Os ferimentos genitais relacionados com o ciclismo também são incomuns.
Traumatismo relacionado com a Atividade Sexual
A atividade sexual é uma causa comum de ferimento genital, principalmente na adolescente, podendo ser resultado do coito normal, bem como da violência sexual.
As lacerações da fúrcula posterior não são diagnósticas de violência sexual nas adolescentes, visto que são igualmente comuns no grupo sexualmente ativo. Na suspeita de violência sexual o exame de colposcopia é de grande auxílio, pois é capaz de identificar as lacerações himenais de origem recente e os sinais de traumatismo.
Algumas lesões da fúrcula posterior podem causar aderências entre os grandes lábios e a fúrcula posterior. As lacerações da porção proximal da vagina, muitas vezes exigem correção cirúrgica, sendo resultado do impacto do pênis ou da introdução de corpos estranhos na vagina. Os sintomas mais freqüentes são sangramento vaginal e dor.
Lesões ou Ferimentos Genitais confundidas com Traumatismo
As patologias mais freqüentemente associadas a traumatismos são as doenças dermatológicas, como o líquen esclerosante e atrófico que ocorre nas mulheres após a menopausa e que parece ter um componente auto-imune. A pele atrofiada é frágil e facilmente traumatizada, causando lesões após compressão mínima.
A dermatite crônica da vulva, levando a escoriações provocadas por prurido e eczema podem ser confundidas com traumatismo. Os hemangiomas vulvares também podem ser confundidos com traumatismo.
Muitas variantes anatômicas podem ser confundidas com traumatismo genital, requerendo uma história clínica detalhada e o uso da colposcopia para a melhor determinação, pois muitas vezes podem se manifestar com sangramento vaginal tornando o diagnóstico ainda mais difícil.
Traumatismos Penetrantes
Podem ocasionar lesões acidentais da vagina. As lesões himenais podem ocorrer, mas são incomuns. O sangramento geralmente é mínimo e não requer tratamento. O exame clínico deve excluir outras lesões na porção proximal da vagina e nas vísceras pélvicas sempre que ocorrer traumatismo penetrante.
O exame deve ser realizado sob anestesia geral, identificando todos os pontos sangrantes e suturando as lesões.